quarta-feira, 2 de dezembro de 2020

Ela arrumando as malas sussurou em meu ouvido...

Contou-me de quando parava olhava pela janela
numa tarde dessas de belas aquarelas,
e pedia ao tempo mais tempo
E nesse tempo ela ainda ela teimava com o tempo,
Queria sempre mais tempo, para ter tempo,
Sempre o tempo sem tempo no tempo.
Ela queria que jamais não tivesse tempo
Que o tempo não existisse
Pra exatamente não ter falta de tempo
Nesta construção Anáfora que pouco entendo.

Enquanto isso, o carteiro toca a campainha.
Era um telegrama da rainha,
Dela, que avisava que já vinha!
“Avisa a todos que aqui se anda como o vento,
E que se age com o intento do pensamento!
São controlados todos os sentimentos,
Aqui ninguém sorri a todo o momento
Não se corre contra o tempo
[tempo, sem tempo, no tempo infinito do tempo
o que diria semhoras, se o tempo parasse agora,
e não houvem mais as horas,...silêncio]
Aqui o coração não bate forte violento
Não se emociona mais com um sorriso de criança
Não existe morte,
Não chora, não sente prazer
A não ser com o próprio bem viver do ser.
Avisa que o mundo que ela sonhava existe
Mas aqui é ainda mais difícil
Suportar a todo o infinito
Que nunca passa de mim
E que nem sei se existe,
E pelo que sei não tem fim.
Aqui os segundos daí
São milênios a existir.
Avise que vou demorar mais um pouquinho,
Pelos menos para mim,
Que não tenho noção de tempo
Que vocês ficam aí a medir.
Espero que aproveitem
Esta breve estadia por aí
Neste jardim que estamos
Com formato de gardênia
Antes que pra cá ela venha
Ficando sem noção de tempo,
Sem sentir saudades, nem medos
Sem paixões e ilusões
Mas cheios de grandes segredos
Destes que agora lhe escrevo, ou invento
na imaginação de um coração de criança cabeça de vento”.

(ACosta-2008)

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