Atravessei o jardim. Agora estou melhor. Uma paz acalma meu peito. Sinto a grama verde nos meus pés. Ouço os pássaros e o cantar dos grilos. A gralha, o pica-pau, andorinhas, tesourinhas, um tucano e as janelas que não existem mais. As paredes insistem em permanecer de pé. O nó sufocante que guardava em minha garganta se desfaz nas lágrimas que escorrem dos meus olhos, hoje cansados. Subo bem alto no tronco enorme da árvore caída da minha infância. A mesma árvore que brincava de ser pássaro pendurada em seus cipós, ou que arranhava suas cascas para ver o leite escorrer, esperar secar para virar borracha, e brincar de escolinha. A mesma árvore que por tantas vezes sentei-me em suas raízes e ali me pus a chorar, contando todo o meu pesar, meus medos e daquela dor que invadia meu peito..."Deus por quê você me fez existir?". E foi a lembrança dessa mesma árvore que me trouxe de volta ao meu lar e que também me tirou de lá e aqui estou buscando me recordar.
(ACosta-2008)
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