quando enxergo olhares passantes nas calçadas
de mouros, latinos e escravas
sinto alegria desesperada nos corpos que bailam
cantiga amargurada
__Onde estão nossas verdadeiras almas mamãe?
Disseram que voltariam logo
trazendo remédio e alívio
e esse logo de tão tarde deixa nossas mãos calejadas
segregadas na solidão, sem abrigo;
e já faz tanto tempo que deu tempo
de nos repartirmos infinitas vezes,
não sentimos mais nosso coração;
povos gritam por liberdade
perdidos na imensidade de dentro
vozes conversam no silêncio
todas clamando alimento;
abaixo a cabeça sem lament
e peço calma,
minhas mãos são pequeninas
tão menores quanto as suas;
vamos alegrar o peito
desatando nossos nós, nosso arreio
e limpando o desespero;
um dia, na hora certa
tudo há de dar-se um jeito.
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