Percebo-me minúsculo animal caminhando a passos lentos;
perambulo por entre a penumbra das vistas cegas sobrevivendo às tempestades.
Atravesso montanhas,
agrestes, desertos,
oceanos, vales, campos,
praias e florestas;
Diversos corvos, urubus, carcarás e aves de rapina sobrevoam meu corpo na sede de devorar até a carcaça; querem saborear a carne viva, vermelha de minha vida;
anseiam por mastigar vagarosamente todos os meus nervos;
Fazem apostas, jogam búzios, alimentam de sangue morros de pedras, apelam a todos os lugares;
E, aproximam-se na velocidade da luz ao mínimo escorregão, tropeço ou queda;
E a sua chegada é recebida por mim com todo o respeito merecido.
Só quem retorna várias vezes ao inferno pra compreender e saborear a divindade da paz de encontrar-se no céu.
Permito com que se deleitem e deixo com que as mais sedentas desçam e alimentem-se primeiro do meu sangrar.
Sinto minunciosamente todo o seu fel, seu gozo amargo, os dentes e bicos afiados.
Percebo cada centímetro de dor de suas garras fincada em minha alma, sinto cada jorrar de sangue, percebo cada pedaço que é retirado de meu corpo;
É sim doloroso morrer
(2013)
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