Ouço o pio dos pássaros
E o correr do riacho
Ao sabor de manga madura
E de toda aquela candura
Deixada nos pastos verdes
E nas redes
Feitos de galhos e de cipós
No alpendre de minha avó.
O berrar profundo da vaca
E de toda aquela casa
Com seus cômodos largos
E cheio de espaços,
Da pilha de arroz, feijão
Amendoim e algodão
Todos empilhados
No ladrilho vermelho
Ou na terra de buracos
Que ela corria tanto
Com medo da escuridão.
Pés e mãos descalços, cheios de calo
Marcas pra sempre guardadas
Expressas nas faces
Carregadas por meus traços
De índia e de cigana
Igual a Ana,
Aquela semelhante à Joana
Joana... Como Ana anda!
Oh! Ana que anda!
Anda Ana,
Ana anda!
Mas Joana não cansa
De contar suas histórias
E a se perder no tempo
Naquele momento
Que hoje fica no pensamento
E na lembrança de quando era criança
Hoje ficam
As paredes caídas
As árvores sobrevividas
No quintal e no cheiro
Onde ela ainda não havia
Conhecido o mundo inteiro
Nem o grande mal
De todo este curral
E chiqueiros lamacentos
Que hoje vive seus pensamentos
E por onde caminham seus passos
Agora fortes e sedentos
Por alcançar seus intentos
Livre de sentimentos
A caminhar sobre o vento
Se alimentando de suas estórias
E suas palavras rimadas
E histórias inventadas,
Nesta tarde onde ouço o pio dos pássaros
E a chuva a cair fina.
O frio que me atormenta
Das buzinas violentas
E do correr desenfreado
A laçar e nos deixar culpados
De parar nesta tarde
Mesmo com tanta tarefa
A saborear esta biblioteca
Que vive na minha mente
E que agora simplesmente sente
Aquilo vivido anteriormente
Longe desta cidade quente
E tanta gente demente!
E ela sente
Que será neste celeiro
Comovente e doente
Que descansará em breve
A sua mente.
(ACosta)
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