terça-feira, 24 de outubro de 2023

Ouço o pio dos pássaros

E o correr do riacho

Ao sabor de manga madura

E de toda aquela candura

Deixada nos pastos verdes

E nas redes

Feitos de galhos e de cipós

No alpendre de minha avó.


O berrar profundo da vaca

E de toda aquela casa

Com seus cômodos largos

E cheio de espaços,

Da pilha de arroz, feijão

Amendoim e algodão

Todos empilhados

No ladrilho vermelho

Ou na terra de buracos

Que ela corria tanto

Com medo da escuridão.


Pés e mãos descalços, cheios de calo

Marcas pra sempre guardadas

Expressas nas faces

Carregadas por meus traços

De índia e de cigana

Igual a Ana,

Aquela semelhante à Joana

Joana... Como Ana anda!

Oh! Ana que anda!

Anda Ana,

Ana anda!


Mas Joana não cansa

De contar suas histórias

E a se perder no tempo

Naquele momento

Que hoje fica no pensamento

E na lembrança de quando era criança


Hoje ficam

As paredes caídas

As árvores sobrevividas

No quintal e no cheiro

Onde ela ainda não havia

Conhecido o mundo inteiro

Nem o grande mal

De todo este curral

E chiqueiros lamacentos

Que hoje vive seus pensamentos

E por onde caminham seus passos

Agora fortes e sedentos

Por alcançar seus intentos


Livre de sentimentos

A caminhar sobre o vento

Se alimentando de suas estórias

E suas palavras rimadas

E histórias inventadas,

Nesta tarde onde ouço o pio dos pássaros

E a chuva a cair fina.


O frio que me atormenta

Das buzinas violentas

E do correr desenfreado

A laçar e nos deixar culpados

De parar nesta tarde

Mesmo com tanta tarefa

A saborear esta biblioteca

Que vive na minha mente

E que agora simplesmente sente

Aquilo vivido anteriormente

Longe desta cidade quente

E tanta gente demente!

E ela sente

Que será neste celeiro

Comovente e doente

Que descansará em breve

A sua mente.

(ACosta)


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