sábado, 6 de março de 2021

 

No talo afro ameríndio.

“Ciganos, indígenas, portugueses, espanhóis e africanos
misturados nas Costas,
no tocante das "roçadeiras" manuais:
café, arroz, feijão,amendoim, algodão...
"a meia" dos Pereiras nas mãos de Marianos e Souzas.

Povo de labuta diária com sol estalando mamona.
Palavra dada eternizando pés descalços e vermelhos...
Criança aprendendo a brincar com cutelo,
assim que “apanha” força nos braços”.
Mundo fantástico de felicidade esquecida!

Sem distinção de gênero,
ora era lavrar a terra na carpideira,
ora descaroçar algodão,
outra tingir os novelos,
bater e soprar arroz
encher a “tuia” pro ano todo,
quebrar milho e catar feijão,
fiar e tecer as cobertas coloridas da avó...

Cortar talos de cana e mandioca roxa na beira da bica
furar cisterna perto do rio;
Tronco de coqueiro rachado ao meio
Água escorrendo límpida na horta;

Terreiro varrido com vassouras de Teodoro
Madeiras cortadas em colheres, coxos e bacias
Tachos de cobre de Joaquim,
ariadas com sal, areia e limão.

...Enquanto isso...
na Asa Norte as porteiras neoliberais abrem as compotas do Rio Doce
anunciadas pela rádio AM, calculando uma freqüência modulada em 150 MHz nas terras mineiras que eu canto agora nessas memórias da infância. 

(2008)

 

D’ACosta

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